quinta-feira, 20 de junho de 2013

Fim do silêncio

Há muitos anos possuo o mesmo hábito de escutar o jornal pela manhã. Acredito que esta seja a forma mais dinâmica de me manter atualizada e, sempre tive a impressão de que o momento da política é igual a um boletim informativo. Ninguém  expressa sua opinião.  Não há mudanças na entonação da voz, 100% automatizado: A presidente fez isso e aquilo; foi proposta a medida X e Y. De onde saiu a medida X? Baseado em que foi tomada esta decisão? 

Muitas vezes me questionei se isto ocorria pelo tipo de estação de rádio que escutava, por ela ser ligada a uma emissora de TV. Entretanto, para satisfazer minha curiosidade troquei a rádio inúmeras vezes e nunca tive surpresas. As notícias eram dadas da mesma forma. 

Outras me questionei se era o meu tipo de mídia, tentei mudar. Passei pela TV, pelo jornal impresso, li até blogs , não obtive sucesso na busca. Quando procurei por colunistas, consegui encontrar interesse em dizer o que estava sendo dito com embasamento histórico e sócio-politico, só. Muito raramente havia indignação, cobrança, insatisfação, questionamento e propostas de mudanças. Porém, hoje tive uma surpresa, havia um contexto emotivo em falar sobre política.

Nossos estudantes, nossos jovens manifestantes, parecem ter erguido uma bandeira. Sua bandeira teve um mérito que não o de 0,20 centavos, teve o mérito de nos mostrar que vivíamos no silêncio, na descrença. 

O silêncio foi quebrado. Estamos dizendo sobre o que pensamos, e isto fica particularmente claro nas redes sociais. As fotos de pratos de comida, foram trocadas por bandeiras do Brasil. As pessoas querem de novo falar e compreender a realidade brasileira. Não querem somente notificar e serem notificados.

Mas um período tão longo de silêncio deixou sua marca, protestos ocorrem sem que haja uma proposta de mudança, pois há muito não se discutia sobre ela. 

Somente o tempo nos falará se sabemos qual é o próximo passo. 

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