sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Presente, natureza

Era agosto, uma manhã fria, daquelas aos quais nosso corpo não parece ter sido desenhado a suportar, mas estava linda. O céu cinzento aos poucos se transformava em azul claro, gerando um degradee interessante. As pessoas caminhavam pela cidade com o mesmo interesse por suas cores, como uma distração ao incômodo gerado pelo frio. A mim tudo era novidade e, portanto, fazia feliz.

Calçada por calçada, quarteirão por quarteirão, distraía- me com as raras folhagens das árvores secas; a beleza de seus galhos, desapercebidos pelo costume de se admirar o verde, assim eu caminhava. Parava alguns instantes, ria da travessura de um pássaro ou de um cachorro que felicitava a chegada de um amigo e, após seguia. 

Em meio a modesta alegria gerada pelo poder felicitar a vida, deparo- me,  junto a casarões antigos, com uma imagem que também demonstrava sinais de seu tempo, sem reparos, nem mesmo uma nova camada de tinta branca, porém fascinante. 

Seu semblante não havia perdido o amor de mãe esperado pelo seu autor, seu olhar se dirigia com ternura a uma criança em seu colo, parecia esperançosamente sofrer. Mas, a natureza invejosa pela atenção gerada à criação humana, resolveu em sua travessura mostrar que era indispensável.  Alguns passos mais, o sol encaminha um raio... Pura... Poesia.. A vida. 




Por mim... San Martin de los Andes... Agosto/13

sábado, 22 de junho de 2013

Estamos precisando de ajuda

O Senhor que sempre acreditamos olhar por nós, que hospedamos como símbolo numa de nossas mais belas paisagens, nos ajude... 

Precisamos iluminar a mentalidade daqueles que teoricamente nos representam... Pois após uma semana de protesto, que independentemente da triste violência demonstrada por alguns, o país saiu às ruas exigindo melhorias... Nossa Presidente faz um discurso, em que o melhor que posso dizer sobre ele: ela subestimou nossa inteligência através de propostas simplificadas, sem planejamento e ofensivas... 

Será que ela não percebe que pelo bem do povo que aqui escolheu para seu lar reformas são necessárias? Sinceramente receio que o que hoje é uma manifestação pacífica possa terminar em tragédia...

 Cristo- Rio de Janeiro: novembro de 2012

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Fim do silêncio

Há muitos anos possuo o mesmo hábito de escutar o jornal pela manhã. Acredito que esta seja a forma mais dinâmica de me manter atualizada e, sempre tive a impressão de que o momento da política é igual a um boletim informativo. Ninguém  expressa sua opinião.  Não há mudanças na entonação da voz, 100% automatizado: A presidente fez isso e aquilo; foi proposta a medida X e Y. De onde saiu a medida X? Baseado em que foi tomada esta decisão? 

Muitas vezes me questionei se isto ocorria pelo tipo de estação de rádio que escutava, por ela ser ligada a uma emissora de TV. Entretanto, para satisfazer minha curiosidade troquei a rádio inúmeras vezes e nunca tive surpresas. As notícias eram dadas da mesma forma. 

Outras me questionei se era o meu tipo de mídia, tentei mudar. Passei pela TV, pelo jornal impresso, li até blogs , não obtive sucesso na busca. Quando procurei por colunistas, consegui encontrar interesse em dizer o que estava sendo dito com embasamento histórico e sócio-politico, só. Muito raramente havia indignação, cobrança, insatisfação, questionamento e propostas de mudanças. Porém, hoje tive uma surpresa, havia um contexto emotivo em falar sobre política.

Nossos estudantes, nossos jovens manifestantes, parecem ter erguido uma bandeira. Sua bandeira teve um mérito que não o de 0,20 centavos, teve o mérito de nos mostrar que vivíamos no silêncio, na descrença. 

O silêncio foi quebrado. Estamos dizendo sobre o que pensamos, e isto fica particularmente claro nas redes sociais. As fotos de pratos de comida, foram trocadas por bandeiras do Brasil. As pessoas querem de novo falar e compreender a realidade brasileira. Não querem somente notificar e serem notificados.

Mas um período tão longo de silêncio deixou sua marca, protestos ocorrem sem que haja uma proposta de mudança, pois há muito não se discutia sobre ela. 

Somente o tempo nos falará se sabemos qual é o próximo passo. 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Passado e Presente. Futuro?

Nossos professores tinham sido estudantes durante a ditadura, assim discutiam pensadores e política com paixão. Aulas e aulas eram dadas como se história e filosofia fossem poesia. Chegavam a parecer recitais. Mas esta magia não nos contagiava.

Não sabíamos o que era ter pensamentos oprimidos. Tudo podíamos, afinal nossos pais não queriam que passássemos pelo que passaram. 
Adquirimos o conhecimento mas era só passado, nunca mais haveria silencio.

Engano, o silencio veio e, de uma forma subliminar. Sem perceber que nos calavam a cada dia com a falsa sensação de progresso. Deixaram - nos maravilhado pela tecnologia e bens materiais. Pensamento era igual ciência da computação e literatura se tornou revista de moda. 

Acreditamos que como o país estava crescendo, podíamos nos concentrar em apenas conduzir nossas vidas. Puro engano... Veja o que nosso país virou, corrupção é sinônimo de política. Desenvolvimento sócio - econômico é o próprio pão e circo* (bolsa família e copa) . 

* política criada na Roma antiga com objetivo de reduzir insatisfação do povo através da oferta de pão e espetáculos sangrentos promovidos em estádios.


Um raro momento


Um raro momento...

Almoçávamos quando o assunto sobre a vaia recebida no sábado pela Presidente Dilma veio à tona e, diferentemente, do que seria esperado neste país, ou seja, que esta conversa duraria apenas alguns segundos, ela perdurou por um longo período, contagiando as pessoas ao redor. De repente, todos falavam sobre este assunto e, melhor, discutíamos corrupção, falta de assistência à população e, claro, as manifestações que ocorreram na última semana.

Independentemente, da vergonhosa violência bilateral, implicada no protesto contra o aumento da passagem de ônibus, que chocou a todos, ela parece ter funcionado como um despertador que nos acordou sobre a realidade brasileira.

Voltou-se a falar sobre política, a discutir o que é certo ou errado, exigir melhorias e, o melhor de tudo, as opiniões são consenso quando o assunto é a necessidade de mudança, mas são divergentes na forma de fazer isto. Estávamos pensando por nós mesmos.

Receio que isto possa ser temporário e, que em poucos dias a programação da TV volte a ser o assunto principal. Mas, este diálogo me deu esperança e o desejo de que pensar não seja uma nova moda.


                        O homem é mortal por seus temores e imortal pelos seus desejos."
(Pitágoras- dispensa apresentação... espero eu)

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Entrelinhar... tradução interlinear!: Uma postagem não habitual...

Entrelinhar... tradução interlinear!: Uma postagem não habitual...

Belo texto... Para refletir

Tem horas

Tem horas que os olhos pesam , a iluminação incomoda, o corpo dói. Cientificamente, encontraria um significado na palavra fadiga e, com isto, a razão ficaria confortável. Mas não... não é isto... A alma parece estar suspensa, como se me perguntasse quando poderá retornar... Pede que eu descanse pelo seu próprio bem... 

Tem coisas que o sono não é capaz de resolver... O corpo encontra seu equilíbrio, mas não parece ser suficiente... Ao acordar, mesmo que as dores desapareçam, a alma ainda não está lá...

Tem aqueles que insistem no conceito do repouso. Porém como fazer isto se angustias e anseios não se sentem intrusos. E a alma insiste em te chamar.

Nestas horas encontro a paixão... Não apenas aquela que sou capaz de nutrir por uma outra pessoa, embora amar e ser amado seja algo especial...Mas aquela que tenho pela vida... Curto os momentos por ela propiciados ... um sorriso, um beijo, uma conversa, uma musica, um céu azul... Aí, a alma encontra o seu espaço ... E pode retornar.


Foto: By me.... Sem filtros... Num momento de paixão... 

terça-feira, 28 de maio de 2013

Ballet


Após 16 anos e a necessidade de realizar uma atividade física retornei ao ballet clássico, paixão da adolescência...Porém, neste momento (após os 30 anos), a simples justificativa de um ganho em consciência corporal e disciplina não eram suficientes para trazer a motivação necessária para a uma atividade de tamanha complexidade e dedicação.
Claro... que a beleza e a poesia implicada nesta foram consideradas... Afinal não tem como se apaixonar por  um Fouetté en tournant ... Ou assistir a um ballet de repertório e não adentrar na magia daquela história coreografada. Mas era preciso algo mais... 
A resposta veio de imediato... O retorno... O ganho funcional motor e cardiorespiratório adquiridos com a sua prática foram observados logo nas primeiras aulas... Trazendo o beneficio esperado...  Entretanto, o mais surpreendente foi o bem estar psíquico... apesar da clara relação deste com a arte, em certo ponto, acreditei que a queda de performance própria da idade e do sedentarismo trariam frustrações... Puro engano, trouxeram motivação... 
Diante desta vivência e da sabedoria implicada nesta teoria... realizei uma busca  na literatura médica e pude encontrar não apenas o conceito genérico desta associação, mas também estudos específicos com doenças crônicas.  Realmente... Cada vez  fico mais encantada... Com a ciência e arte... 

" Art, dance, and music therapy are a significant part of complementary medicine in the twenty-first century. These creative arts therapies contribute to all areas of health care and are present in treatments for most psychologic and physiologic illnesses. Although the current body of solid research is small compared with that of more traditional medical specialties, the arts therapies are now validating their research through more controlled experimental and descriptive studies. The arts therapies also contribute significantly to the humanization and comfort of modern health care institutions by relieving stress, anxiety, and pain of patients and caregivers. Arts therapies will greatly expand their role in the health care practices of this country in the twenty-first century." 

Pratt RRArt, dance, and music therapy.  2004 Nov;15(4):827-41


By Edgar Degas